A Polícia Federal (PF) indiciou 27 pessoas suspeitas de integrarem um esquema de fraude liderado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDSocial) durante a pandemia de Covid-19. Segundo as investigações, o grupo teria desviado aproximadamente R$ 23 milhões dos cofres da Prefeitura de Betim. As conclusões do inquérito foram enviadas ao Ministério Público Federal (MPF) na última quinta-feira (5), como parte da operação “Entre Amigos II”. 6d1q5h
De acordo com o relatório, os envolvidos realizaram contratações ilegais para beneficiar membros do esquema e pessoas próximas, além de superfaturar compras de materiais, serviços e equipamentos. Entre os 27 indiciados, 20 poderão responder por peculato (desvio de recursos públicos), 12 por organização criminosa e oito por falsidade ideológica. Cinco são acusados de fraude em licitação, dois de corrupção ativa e outros dois de corrupção iva. As penas podem variar de 14 a 57 anos de prisão para os principais envolvidos.
Entre os indiciados estão o ex-secretário de Saúde de Betim, Guilherme Carvalho da Paixão, e o ex-diretor de Saúde, Paulo Henrique Silva Maia, responsáveis pela gestão dos contratos com o IBDSocial. Segundo a PF, a Prefeitura de Betim não tinha conhecimento dos desvios e adotou medidas para denunciar as irregularidades assim que as fraudes foram descobertas, em 2021. Na época, a istração contratou uma auditoria independente que apontou o prejuízo de R$ 23 milhões, informação que embasou as investigações.
O delegado Felipe Baeta, responsável pelo caso, afirmou que o esquema era liderado pelos sócios do IBDSocial, Braulio Viana e Ercílio Martins da Costa Júnior. Eles teriam assumido a gestão dos recursos públicos de forma fraudulenta, desrespeitando princípios como legalidade e moralidade, e direcionavam contratações para beneficiar aliados. O relatório também recomenda a suspensão das atividades do instituto e sua proibição de firmar contratos com a istração pública, devido ao uso recorrente da entidade para práticas ilícitas.
O então procurador-geral de Betim, Bruno Ferreira Cypriano, chegou a ser indiciado, mas sua participação foi descartada pela PF. Ele foi responsável por pedir a declaração de inidoneidade do IBDSocial em 2021 e colaborou com as investigações por meio da auditoria contratada pela Prefeitura.
O esquema foi identificado inicialmente durante outra investigação, em Divinópolis, na região central de Minas Gerais, onde o IBDSocial também foi contratado para serviços relacionados à pandemia. Em 2020, o instituto assumiu a gestão de um hospital de campanha e de um centro de cuidados intensivos em Betim, aplicando o mesmo modus operandi para desviar recursos. Entre as irregularidades apontadas, estava a contratação direta de diretores do instituto, prática considerada ilegal.
O caso segue para análise do MPF, que deverá decidir se apresenta denúncia formal contra os investigados. Se aceitas, as acusações podem levar os indiciados a responderem judicialmente pelos crimes.
LISTA DE INDICIADOS
A investigação apontou os seguintes nomes:
- Alessandra de Oliveira
- Alexandre Abud
- Alexandre Antônio da Silva José
- Anamir José Ferreira
- Braulio Henrique Dias Viana
- Cíntia Aparecida Corrêa
- Daniella Pedrosa Salvador Viana
- Ercílio Martins da Costa Júnior
- Gilmar de Assis
- Guilherme Carvalho da Paixão (ex-secretário de Saúde)
- Guilherme Michetti de Souza
- Gustavo Luiz Guilherme Pinto
- Heitor Guimarães Cambraia
- Ivair de Souza Rodrigues
- Jorge Luiz da Cruz Júnior
- Luiz Eduardo Machado Neme
- Manoel de Albuquerque Filho
- Marcelo Luiz Alves
- Márcia Menezes Corrêa Santos
- Patricia Soares Ferreira Ferraz Bulhões
- Paulo Henrique Silva Maia (ex-diretor de Saúde)
- Priscila Stefanie Cunha Madeira de Melo
- Simone Guerra Dutra
- Thiago de Pinho Botelho
- Thiago Ferraz Bulhões Veloso
- Tiago Simões Leite
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