Com a presença do prefeito Eduardo Paes (PSD) e do vice-prefeito Eduardo Cavaliere (PSD), aconteceu nesta semana a tradicional lavagem da Marquês de Sapucaí, que marca o início das festividades de carnaval no Rio de Janeiro. Durante a cerimônia, o pastor Cosme Felippsen, um petista e ativista do Movimento Negro Evangélico, fez fervorosas declarações em defesa do carnaval como uma expressão cultural legítima e criticou a postura de algumas igrejas evangélicas que optam por promover retiros espirituais durante o período festivo. 122u14
“O carnaval e a cidade não pertencem ao demônio, mas sim aos cariocas. O demônio não é quem samba, mas sim a fome que algumas famílias enfrentam, enquanto igrejas e pastores se enriquecem”, declarou o pastor, que é reconhecido por sua posição liberal, conforme informou um portal gospel. Ele também fez um apelo por respeito às religiões de matriz africana, ressaltando que a rejeição a essas crenças configura “racismo religioso”. “Mais da metade dos brasileiros tem origem na Mãe África. É preciso abandonar o pecado da ganância e do racismo religioso. Respeite todas as crenças. Viva o amor!”, enfatizou Felippsen, ex-candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
O Carnaval normalmente não conta com a participação de evangélicos, que se abstêm da festa, considerando que nela ocorrem práticas que vão contra os ensinamentos bíblicos, como a promiscuidade e o hedonismo. Por isso várias denominações evangélicas optam por realizar retiros espirituais.
Para o pastor e escritor Renato Vargens, o carnaval não é apenas uma festa popular, mas também pode estar associado a elementos espirituais que não se alinham com a fé cristã, conforme publicou recentemente em suas redes sociais. Vargens se baseou também numa declaração do carnavalesco Milton Cunha, que polemizou esta semana após declarar num programa de TV, que Carnaval é macumba. Cunha disse sobre a espiritualidade que está presente nos desfiles das escolas de samba. “Para os mais velhos, o fundamento da escola de samba diz que, ao dobrar, a escola é bloqueada pelo primeiro portão. Ali, aquela concentração energética, de não ter começado o desfile, é o início da ‘gira’. Os mais velhos dizem que ali começa o ponto, ali começa a cantar para os mortos. Aqueles autores dos sambas da história vão voltar e se manifestar naquele começo”, afirmou Cunha.
A Lavagem
A Lavagem da Sapucaí, que completou 15 anos, aconteceu bem cedo, quando o sol começava a raiar.
Numa atmosfera mística, baianas de todas as escolas de samba marcaram presença com seus trajes brancos e carregando baldes com água de cheiro, com ervas consideradas sagradas para o espiritismo, como manjericão, alfazema e alecrim, além de incensos queimando em altares instalados ao longo da avenida.
Uma baiana, mãe de santo, disse em entrevista a um jornal carioca que: “a gente sente a proteção dos nossos ancestrais. Essa cerimônia é um marco para nós”.
Um dos organizadores do evento, conhecido como pastor Cosme, declarou que há uma forte ligação da cerimônia com a fé e a ancestralidade, e que essa lavagem é uma homenagem à casa de São Jorge. Salve os pretos velhos, os erês, salve o caçador!”, disse.
Uma multidão acompanhou das arquibancadas as baianas borrifando água sobre os presentes, o que para elas é um gesto tradicional para afastar energias negativas e abrir caminhos.
O perfume das ervas se espalhava pelo ar e participantes das escolas desfilavam. Alguns rodopiavam, outros levavam velas acesas, fazendo oração.
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